Ansiedade: causas e efeitos

A vida afetiva é o que dá cor, brilho e sabor à vivência humana.

Há em nós uma infinidade de emoções que ocorrem devido ao que pensamos e vivemos. Essas emoções se desenvolvem através da interpretação ou do significado que damos às nossas experiências do dia a dia.

Algumas emoções são muito primitivas: já nascemos com elas, como a raiva, medo, alegria, dentre muitas outras. Porém, ainda quando criança, não temos o aprendizado de quais situações vão desencadeá-las. 

Dentro desse conjunto de emoções, a ansiedade é, sem sombra de dúvida, a mais frequente na vida do ser humano.

Sem percebermos, estamos a todo o momento avaliando nossa exposição a algum risco ou ameaça e diagnosticando qual é a nossa capacidade em lidar com isso. É uma relação: a capacidade em lidar com o problema é gerada pela ameaça que o problema nos expõem. 

Temos assim a ansiedade como uma emoção natural que existe para nos alertar dos perigos e fazer com que nos afastemos deles. Porém, muitas vezes, o sinal de perigo que a ansiedade toca ou dispara não está correto, pois não existe perigo. Estamos fazendo, como se diz, “tempestade em copo d’água”, não havendo perigo real que justifique a preocupação, emoção ansiosa ou alarme de medo.

A ansiedade é sempre sentida no corpo em uma intensidade maior ou menor pelas mais variadas maneiras: taquicardia (coração acelerado), tremor de mãos ou pernas, tensão muscular, falta de ar, dores no corpo e principalmente de cabeça, amortecimentos, tonturas, aumento ou diminuição do apetite, alteração do sono ou insônia, aperto no peito, diminuição da libido, desatenção, inquietude e nervosismo.

A ansiedade existe como resposta a nós, um aviso de um perigo real (medo) ou imaginário (preocupação).

Sentimos medo de uma ameaça real, como por exemplo: assalto, ficar desamparado, tempestade, um cão raivoso vindo em nossa direção, expor-se em público e passar vergonha, sofrer a dor ou morte, uma grande altura, ou seja, uma situação ou coisa em que a nossa competência ou capacidade é percebida como sendo insuficiente para vencer o risco ou ameaça que estamos expostos.

Os conteúdos das preocupações variam conforme a pessoa ou faixa etária, por exemplo: um universitário teria como principal preocupação a vida acadêmica; um profissional liberal, seu trabalho, finanças e família; uma mãe, seus filhos e lar; um idoso, sua saúde física ou família, dentre outras situações .

Quando uma ansiedade ou preocupação pode ser considerada normal?

A intensidade é adequada ao risco exposto, assim como ter medo de altura ao ficar na beirada de um prédio de dez andares é adequado, é uma situação em que a ansiedade é normal, porque o ser humano não tem competência para lidar com tal situação, caso despenque de lá.

Os sintomas físicos não são incapacitantes. Não há perda de sono, o tremor é discreto e logo passa, o pensamento não paralisa no assunto da preocupação, a tensão dos músculos não dói, falta o ar e o coração dispara, mas logo volta ao normal.

A preocupação ocorre como resposta à situações ou ameaças imaginárias ou potenciais, isto é, quando temos pensamentos de coisas ruins que podem vir a acontecer (ele vai se acidentar... não vou suportar isso...) e imaginamos essas situações como insuportáveis pelo temor desse futuro sombrio e incerto, que é um pensamento ruim. Deixamos de considerar qual a real probabilidade ou frequência que essas catástrofes podem acontecer, e começamos a acreditar como se fosse real esse pensamento ruim, o que involuntariamente desencadeia em nosso corpo uma reação ansiosa de tensão muscular, falta de ar, taquicardia, dentre muitas outras. Tentamos então não pensar nas coisas ruins, mas infelizmente quando tentamos não pensar já estamos pensando nas preocupações e reforçando a ideia ou imagem desse evento ruim preocupante. Por sua vez, isso aumenta a ansiedade e preocupação, o que aumenta os sintomas físicos fechando um ciclo vicioso.

São várias as formas que a ansiedade pode se apresentar:

São várias as formas que a ansiedade pode se apresentar:

Temos uma descrição aproximada para ajudar o leitor a identificar possíveis situações. Lembramos que somente um médico habilitado possui a competência para realizar um diagnóstico. Várias outras situações devem ser consideradas antes de concluir um diagnóstico do campo da Psiquiatria.

Ansiedade generalizada

Preocupação e nervosismo crônicos há anos, com melhoras e pioras. A pessoa não consegue controlar a preocupação e frequentemente fica nervosa. Acompanha este quadro sintomas, como tensão muscular, tremores, vazio na cabeça, insônia ou sono não reparador, entre outros muito comuns, como sentir medo de doenças para si e familiares.
Agorafobia: são os medos decorrentes de lugares superlotados em que a pessoa pode pensar que não terá como sair ou que se sente desprotegida fora de casa. Frequente isso ocorre no Transtorno de Pânico, um medo desenfreado de sentir-se vulnerável ou frágil.

Síndrome de Pânico

É um medo que vem sem motivo aparente a qualquer tempo ou lugar. A pessoa pode estar dormindo e acorda repentinamente com a sensação que irá morrer, medo demasiado, sensação de perda de controle, dentre outros. Sente tremores, falta de ar, amortecimento, tontura, dores no estômago, visão embaçada. A crise melhora em minutos, mas deixa a pessoa com medo de sentir medo, mais preocupada e ansiosa. Ao procurar sentir-se segura, acaba não saindo ou se expondo e evita ficar só.

Fobia Específica

Medo de objetos ou situações de maneira desproporcional ao risco real. São exemplos: medo de lugar fechado, ratos, altura, etc. A pessoa sente um medo grande ao ser exposto ou somente em imaginar enfrentar a situação e evita o confronto com o objeto ou com a situação que desencadeia o medo.

Ansiedade Social ou fobia social

É o medo ou ansiedade quando exposto a observação dos outros, como por exemplo: apresentar um trabalho na faculdade, discursar, falar em uma reunião, chegar a um lugar quando os outros já estão sentados, dentre várias outras situações.

Geralmente a pessoa evita situações de exposição por sentir vergonha e ter sensação de rubor, tremor, gaguejar e pensar que os outros estão observando seus defeitos, achando-a ridícula quando exposta. Geralmente tem uma autocrítica muito forte, destaca as falhas e não valoriza suas capacidades.

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)

São as “manias” ou obsessões, ideias muito fortes que têm que ser seguidas, como limpeza, ordem, checagem, alinhamento, contagem, dentre outras. São exemplos de situações que acontecem: limpar e limpar qualquer coisa mesmo estando limpo, caso contrário algo ruim vai acontecer, como a contaminação de familiares; ordem ou alinhamento em que tudo deve estar em determinada ordem, porque senão algo ruim pode acontecer. Existem os pensamentos invasivos, ideias bobas, sem fundamento, que passam pela cabeça de qualquer pessoa mas que para o portador de TOC é algo que não pode ser pensado, o que faz o indivíduo pensar mais e seguir um ritual para neutralizá-lo.

A pessoa sente forte ansiedade por ter determinados pensamentos (obsessões) e para aliviar realiza as compulsões. Porém, os estímulos desencadeantes continuam e segue uma nova ansiedade, que produz outra compulsão e assim por diante.

Transtorno de Estresse Pós-Traumático

É um estado ansioso retardado, como o nome diz, em decorrência de uma experiência estressante em que a pessoa foi exposta a risco da sua integridade física ou psicológica, como por exemplo: assalto, sequestro, acidente automobilístico, presenciar ou sofrer um ato de violência, temporal e fenômenos catastróficos da natureza em geral.

Os sintomas são os mais variados: “revivências” (flashbacks) através de sonhos e pensamentos, falta de sentimentos (vazio), nervosismo, insônia, medos sem motivo e grande ansiedade quando se expõem à coisas que podem lembrar o evento de estresse. Depressão e ideação suicida também ocorrem.

Esse quadro descrito é de imenso sofrimento para o ser humano, mas, felizmente, quando adequadamente tratado, temos uma melhora de 100% dos sintomas, o que é raríssimo em medicina. As evidências científicas demonstram que a melhor estratégia é o uso de medicações e psicoterapia cognitiva.

As medicações fornecem uma melhor resposta ao tratamento psicoterapêutico porque deixam a pessoa mais tranquila e diminuem os sintomas de medo e nervosismo. A psicoterapia pode ser usada para mudar a forma de pensar e de entender as situações, os pensamentos e também os sentimentos, buscando uma maneira mais adequada e funcional de viver, de sentir-se mais flexível no ato de pensar, ajustando-se melhor à demanda da vida moderna e proporcionando o enfrentamento dos medos, já que não existe outro modo de superá-los.

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